MÁQUINA QUE TRANSFORMA BEBIDAS ALCOÓLICAS EM ETANOL
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Litros de bebida alcoólica que seriam jogados fora, agora são reaproveitados. O projeto de um professor do Instituto Federal de Inconfidentes (IF Inconfidentes) está transformando bebida alcoólica em etanol. As bebidas usadas na pesquisa foram apreendidas pela Polícia Federal. Além disso, sobras dos alambiques de cachaça da região se transformam em combustível para os veículos do campus.
Há um ano, o doutor em energia Carlos Cézar da Silva teve o projeto aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e idealizou a máquina, que fica na sede do instituto em Inconfidentes. O maquinário custou R$ 200 mil e tem capacidade para produzir até 150 litros de etanol por dia.
"Passamos ela (a bebida) pelo processo de retificação e o álcool que era 39, 40 GL, sai na máquina a 95, 96 GL, pronto para o consumo do combustível", explica o professor. Na semana passada, mais uma etapa vencida: a falta de matéria prima. Uma parceria com a Receita Federal permitiu o fornecimento do material. A Receita doou 4,5 mil garrafas apreendidas sem nota fiscal.
Durante a produção, o grau alcoólico da bebida é medido e quanto mais alto, mais etanol é fabricado. A bebida é aquecida a 90º Celsius e a temperatura precisa ser conferida passo a passo. "É preciso conferir para que nunca se perca álcool. A evaporação do álcool acontece em cerca de 78º, e acima de 90º começa a evaporar muita água, perdendo para o ambiente. Então é preciso sempre estar 'de olho' para ligar ou desligar a bomba de resfriamento durante o processo", explica Thiago Marçal da Silva, técnico em alimentos.
Antes da produção com as bebidas doadas, os testes já eram feitos com sobras da cachaça, prejudiciais à saúde, doadas por destilarias da região. "A cauda e a cabeça é sempre o início e o final do processamento de uma bebida, onde a temperatura não é ideal e então essa bebida ainda sai com uma grande quantidade de toxinas. Pra evitar que o ser humano consuma essa quantidade de toxicidade, essa cabeça e essa cauda são separadas da bebida e as cachaçarias mandam pra nós", conta Silva.
Um dos objetivos do projeto é utilizar o etanol produzido em Inconfidentes para abastecer os veículos do campus. Para saber quando isto é possível, uma próxima etapa avalia a acidez do produto. "Se nós tivermos um etanol muito ácido, isso pode corroer o motor e provocar uma menor durabilidade do veículo", explica a bolsista do projeto, Adrielle Frimaio, destacando a importância desta etapa de análise qualitativa do combustível.
Mesmo quando a acidez for elevada, o etanol feito com as bebidas ainda pode ser utilizado como produto de limpeza. "O etanol produzido da cauda e cabeça das bebidas é devolvido para as cachaçarias. Isso faz parte do que nós queremos fazer, justamente o trabalho de limpeza e tratamento do meio ambiente, já que esse dejeto não pode ser consumido nem descartado", completa o professor. O etanol produzido das bebidas alcoólicas na máquina é utilizado em todos os veículos oficiais do IF Inconfidentes.
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